A Vocação Econômica da Mata Sul
Por: Silvio Romero de Vasconcellos Pereira Junior (Presidente da OAB/Palmares)
Membro Liberdade-PE
Há muito tempo se tem comentado, discutido e sonhado uma saída para mover a economia da região Mata Sul, do estado de Pernambuco.
Plantou-se no imaginário popular que a solução de todos os problemas seria resolvido com a implantação de grandes fábricas, geradoras de milhares de empregos na região.
Ledo engano! Talvez, as pessoas daqui tenham guardado na mente o longo e “próspero” período das usinas de cana-de-açúcar, que empregavam incontáveis trabalhadores na indústria e no campo.
Mas, esse tempo passou e as usinas se foram e os trabalhadores, em grande parte, tiveram que seguir caminho para outros rincões do país. Como resultado, nossas cidades pararam de crescer economicamente e a população começou a se tornar ainda mais pobre e marginalizada. Sem alternativa, os jovens da periferia acabaram nas mãos do tráfico de drogas.
Então, pensemos:
Quais as alternativas para o desenvolvimento econômico regional, sabendo que nenhum empresário investirá aqui sem que vislumbre algum retorno financeiro, o que nos resta?
Como tornar a Mata Sul atrativa para novos investimentos? Ora, sequer temos espaços físicos para a implantação de fábricas e grandes empresas. Já repararam o nosso relevo? Se assemelha às costas dos camelos. Mas, nem tudo está perdido, pois, basta observarmos o movimento intenso de pessoas no comércio de Palmares, cidade polo da nossa região. Ao que nos parece, a nossa vocação está no comércio, na venda de bens e serviços.
Como cidade polo, Palmares pode ser a locomotiva do desenvolvimento regional, através de dois segmentos importantes: o primeiro, na área de educação, com a expansão dos cursos oferecidos pelas nossas faculdades e o segundo, com a abertura de um hospital de grande porte, podendo ser público e/ou participar, a exemplo da Unimed e ou HapVida.
Ao meu ver, esses dois setores, combinados ao comércio popular, seriam capazes de atrair milhares de novos consumidores para a região e proporcionar o seu desenvolvimento econômico.
Por outro lado, o poder público municipal deverá cuidar da infraestrutura da cidade, limpando, iluminando, organizando o trânsito, cuidando das calçadas e das praças, tornando-a mais bonita e atrativa para que as mesmas pessoas que circulam de dia passem a também circular à noite. Uma cidade bem cuidada atrai pessoas, que demandam por bons restaurantes, cafeterias, pizzarias, lanchonetes, teatro, cinema, casas de shows, e etc.
O Estado deve fomentar o empreendedorismo, ensinar o nosso povo a desenvolver atividades lucrativas, incentivando os microcréditos e fazer parceria com o SEBRAE para ensinar como ganhar dinheiro através dos pequenos negócios.

Por último, não se pode relegar a produção no campo. Contudo, a produção rural não deve permanecer da forma que sempre foi, uma vez que os mercados estão sedentos por produtos orgânicos que, por isso, agregam valores à produção.
O mundo está pedindo uma nova agricultura e pecuária. Tudo caminha para a sustentabilidade, para o orgânico, para o saudável e, a EMBRAPA e demais órgãos do governo podem e devem assessorar os pequenos produtores e criadores rurais para que possam agregar valor às suas produções, bem como, intermediar a venda da produção nos grandes centros consumidores do nosso país e, quiçá, no exterior.
Portanto, é assim que eu vejo o caminho para o desenvolvimento da nossa região. A solução é aproveitar o que já existe e buscar sua ampliação com o incentivo dos poderes públicos